
Friday, April 27, 2007
O Irmão Perdido

Wednesday, April 25, 2007
Pensamento do Dia
Que outra razão que não um voto de pobreza explica aquelas camisas?
António Sala
Antes de irem todos engraxar as botas de cano alto, havia ainda tempo para uma pequena tertúlia musical. Com António Sala cantar "Uma Canção Amiga", antes dos cabeça (rapada) de cartaz Bullet 38 entoarem o "somos as novas SS a marchar, a nova elite contra esta podridão, a verdadeira estirpe desta ariana nação".
Posto isto, olhei de novo para o jornal: "António Salas." Como um S pode fazer tanta diferença, e destruir tão rudemente um sonho bonito. Encolhi os ombros e fui tomar banho.
Lisboa à Noite
A desbunda começa desde logo naquilo que dá pelo nome de triagem. É como se fosse o bengaleiro lá do sítio. Com a diferença de que não podemos deixar lá nada. Aliás o cartaz é bem explícito: não se responsabilizam por objectos perdidos: malas, carteiras, telemóveis, relógios, próteses! Já estou mesmo a ver alguém ir lá queixar-se de que perdeu o braço direito, e a enfermeira responder "Meu amigo, já sabe, qualquer prótese que abandonem aqui vai directa para o lixo. Esta senhora que saiu agora deixou a placa dos dentes, quer aproveitá-la?".
Segunda paragem: o preenchimento da ficha. Podemos dizer que este guichet corresponde ao espectáculo de transformismo lá do sítio. O senhor dentro do cubo de vidro não faz danças exóticas, nem sequer canta uma Barbara Streisand que seja, mas nota-se que tem potencial para isso e muito mais. Não sabia da ficha, não encontrava a morada, nem a localidade, e de repente exclama, como se tivesse tido uma iluminação superior (de um George Michael talvez): "Ah já sei! Vive na Rua do Guarda-Jóias!??". Perante a resposta negativa, expressou um desiludido "oh.." A questão que se impõe é: porque haviamos de viver na morada mais gay de Lisboa?? Realmente deve ser o sonho de qualquer homossexual poder dizer que mora no guarda-jóias. Tem glamour!
Segue-se a antecâmara do prazer: a sala de espera. É a pista de dança do hospital. Só tem uma diferença: ninguém dança. Pormenores. Há um DJ que diz "Umblina Alice ao Balcão Mulheres", entre outras coisas igualmente entusiasmantes, tais como "Cristina BANHA (pausa-durante-a-qual-a-locutora-se-diverte-à-grande-com-o-facto-de-haver-alguém-chamado-banha).... Gonçalves, ao Raio X". As personagens chamadas eram de tal forma exóticas que pensámos e não teria sido melhor darmos um nome artístico, para podermos ser chamadas ainda desse dia. É óbvio que com o mísero apelido Santos, só chegou a nossa vez na After-Hours da sala de espera. O que nem foi mau de todo. Porque tivemos direito a ouvir um Remix, entre o senhor que ressonava encostado à cabine telefónica, o que contava as aventuras e desventuras da sua cadela (à qual ele levava "inclusivamente uma sandes de fiambre e um café todas as manhãs"), e o assentir de uma africana, que apenas dava a deixa para o discurso da Rotweiller continuar.
E no fim disto tudo, chegamos a quê? Ao Raio-X, pois é, que no meio de tanta animação é o que menos importa. Podia fazer uma piada parva e dizer que já não saiu de lá de mãos a abanar, mas com uma tala no dedo indicador, que tem bem mais estilo. Mas, como disse, seria uma piada parva.
Sunday, April 22, 2007
Sardinha
Reacções encaloradas dos transeuntes inquiridos...
Até aqui nada de mais... Até chegar a cereja no topo do bolo. Ou a tripa, neste caso.
O jornalista pergunta "minha senhora, já fez das tripas coração?".
A dona de casa, que já estava um pouco indignada depois do mesmo indivíduo lhe ter perguntado o que era "olho gordo" e "um zero à esquerda", fica quase arroxeada enquanto lhe grita aos ouvidos "Fazer das tripas coração? Eu? Nunca. Se não tenho dinheiro para bife compro sardinha!".
Isto sim, é sabedoria popular. Mai'nada.
Porque Será...
O Rio Corre
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Mas o melhor é deixar de partilhar este prazer com Pessoa, senão corro o risco de os meus pais me questionarem...
Quando é que o cativeiro
Acabará em mim,
E, próprio dianteiro,
Avançarei enfim?
Quando é que me desato
Dos laços que me dei?
Quando serei um facto?
Quando é que me serei?
... e quererem saber quando é que acabo o curso, quando acabam os exames e as propinas que eles me pagam. E aí eu digo-lhes...
I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
Para lhes mostrar que, mesmo que o exame de inglês não corra bem, o Fernando Pessoa também não precisava de saber muito de phrasal verbs ou reflexive pronouns para escrever uns poemazitos.
E com isto já passaram mais alguns minutos de livro fechado.
"Ai que prazer!"
Friday, April 6, 2007
Bilingue III (e mais virão)
Land Down Under (tentativa falhada - ou muito conseguida - de tradução)
Men At Work
Viajar no fritado para fora faz saber.
Em uma cabeça da fuga do hippie completamente do zombie.
Eu encontrei-me com uma senhora estranha, ela fiz-me nervoso.
Fêz exame de me dentro e deu-me o pequeno almoço.
E disse, \"Do que você vem de um? da terra para baixo abaixo \
"Onde o fulgor e os homens da mulher pilham.
Não pode você ouvir-se, não pode você ouvir o trovão?
Você melhora o funcionamento, você melhora a tampa da tomada.
Ruptura fina de um homem de Brasil,
Era seis pés quatro
E cheio do músculo.
Eu disse, \"Do que você fala meu? da língua \
".Sorriu apenas, e deu um sanduíche do vegiemite.
E disse, \ "mim vem de um sob da terra para baixo \
"Deixou-nos fluir, e chaunder, não pode você ouvir-se, não pode você ouvir o trovão?
Você melhora o funcionamento, você melhora a tampa da tomada.
Jantando uma tabela em Bombaim, com um slapjaw e para dizer não muito.
Eu disse ao homem, \"Are você que tenta tempt me? \
"Porque eu venho da terra da abundância?
Disse, \"Do que você vem do? da terra para baixo abaixo \
" Yea de Ohh, yea,Onde as mulheres incandescem e os homens pilham.
Não pode você ouvir-se, não pode você ouvir o trovão?
Você melhora o funcionamento, você melhora a tampa da tomada. (5x)
Pérolas autênticas! Quem nos dera ter letristas capazes disto. Poetas que melhorem o funcionamento, que melhorem a tampa da tomada, enquanto jantam uma tabela em Bombaim (talvez com arroz basmati). Artistas cheios do músculo, viajando no fritado, com uma cabeça da fuga do hippie, completamente do zombie. Quem dera...
Bilingue II

Ah pois é. Mensagens subliminares. Mensagens para o mundo. Mensagens plenas de sentido. O cavalinho. A feira. E a comida.
Bilingue I
"Vamos agora ouvir uma música dos Além Mar... Deixa-me Olhar, em português". Havia de ser em quê? Swahili? Será que, daqui para a frente, teremos que traduzir todos os títulos de músicas portuguesas? Já estou a imaginar...
- "Vamos agora ouvir André Sardet com "It Was Witchcraft"
- "Deixo-vos com Paulo Gonzo e "Forbidden Gardens"
- "Estamos já a ouvir os Clã - To dance in the shaking rope"
- "No ar: Dulce Pontes, a cantora dos ciosos - "The song of the sea"
- "Mais música portuguesa - Madredeus com The Shepherd"
- "E agora, os The Gift (by the way: A Prenda), cantam "easy to understand"
It's a robbery
Coca
TAP

Botox
A propósito dos radares em Lisboa...
"Sou completamente contra a colocação de qualquer tipo de radares porque isso limita a minha vida privada."
A questão é: alguém explicou ao senhor que são radares controladores de velocidade? No trânsito? Em Lisboa?
Ele provavelmente pensa que são radares colocados à porta do seu prédio, para saber quantas vezes vai a vizinha do r/c à sua casa, quanto tempo por lá se demora e que ruídos são ouvidos durante a sua estadia.
Fazem perguntas e "não explicam"... Estão à espera de quê?