Wednesday, April 25, 2007

António Sala

O sono faz destas coisas. Ler a capa do jornal segundos depois de ter acordado construiu um dos momentos mais gloriosos do meu dia. Vi, em letras gordas: "António Sala: o jornalista que viveu um ano com skinheads". E fiz logo o filme todo. António Sala a partilhar um beliche com um neo-nazi, e a acordá-lo com a locução do "Despertar", correndo depois pelo corredor, destapando os restantes cabeças rapadas enquanto os desafia para jogarem ao "Jogo da Mala". Enquanto tomam o pequeno-almoço e António Sala molha os seus fartos bigodes com o melhor leite meio gordo espanhol (ok, isto são mesmo coisas de quem acabou de acordar e está a tentar ler o jornal), fazem uma sessão de "Palavra Puxa Palavra", onde os concorrentes têm de fazer famílias de palavras com citações do Mein Kampf.

Antes de irem todos engraxar as botas de cano alto, havia ainda tempo para uma pequena tertúlia musical. Com António Sala cantar "Uma Canção Amiga", antes dos cabeça (rapada) de cartaz Bullet 38 entoarem o "somos as novas SS a marchar, a nova elite contra esta podridão, a verdadeira estirpe desta ariana nação".
Posto isto, olhei de novo para o jornal: "António Salas." Como um S pode fazer tanta diferença, e destruir tão rudemente um sonho bonito. Encolhi os ombros e fui tomar banho.

No comments: