Saturday, March 19, 2005

T.U.G.A

Ouvimos constantemente que "há portugueses espalhados pelos quatro cantos do mundo". Acho que não somos o único povo disperso pelo mundo, mas somos com certeza aquele que torna qualquer desses "cantos" agitado, por mais tranquilo que fosse, antes da chegada do verdadeiro TUGA!
"E o que é ser Tuga?", perguntam vocês (finjam que perguntam pelo menos, para não me sentir completamente autista) - e eu respondo: ser tuga é:
- ser sempre fiel ao "fiel amigo": seja em pastéis, seja com natas, seja à brás, seja cozido às postas, seja qual for a refeição (incluindo o pequeno-almoço), seja "Riberalves" ou da Noruega!;
- usar pulseiras de ouro e um anel no dedo gordo, de preferência com um diamante fingido;
- exibir essas jóias pondo o braço fora do carro, viatura essa que deverá estar decorada com artefactos do respectivo clube de futebol, a abanarem-se compassadamente no retrovisor;
- a conduta ao volante não fica esquecida no "manual do bom tuga", que inclui um código próprio para os condutores lusitanos: apitar sempre que possível, seja porque passou uma jeitosa ou porque o condutor da frente não passa dos 120km/h - numa estrada local - (falta-lhe o talento português), ter sempre cervejas no porta-luvas e uns quantos barris no porta-bagagens, ignorar todo e qualquer sinal disposto na estrada, mesmo os vermelhos e brancos, a não ser que seja a bandeira do benfica, hasteada por outro típico emigrante, conhecedor das regras deste código exemplar!;
- a conduta enquanto peões também é cuidadosamente tratada pelos portugueses, que falam sempre bastantes decibéis acima do povo local (mesmo que estejam na sala de espera do otorrino do hospital da região), fazem os possíveis por abraçar os amigos dos amigos, mesmo que seja a primeira e última vez que vão estar com eles, e na maioria das vezes ainda os convidam para um cafézinho "lá em casa" (onde antes das visitas se sentarem, insistem em mostrar todas as divisões, até ao mínimo detalhe, como os fantásticos estores que compraram a semana passada);
- os aposentos de um tuga que se preze também são facilmente identificáveis, não só pelo pano rendado em cima da televisão e pelos biblots em cima de todas as superfícies, mas também pela existência de uma televisão, um leitor de dvd's e uma aparelhagem em todas as divisões da casa, incluindo a casa-de-banho (mesmo que tais posses impliquem não comprar comida durante um mês - até porque há sempre o belo pastel de bacalhau no congelador).
Estas são apenas algumas das principais características que permitem distinguir um TUGA a quilómetros de distância, em qualquer lugar do Mundo! Mas poderíamos referir muitas outras, o típico bronzeado em que, mesmo nus, parece que têm uma t-shirt vestida, a tendência incontrolável para passar à frente em todas as filas, mesmo que sejam a única pessoa, a vontade irreprimível de comentar "o grande derby de ontem" com o barbeiro, mesmo que este seja japonês e não conheça o "glorioso"! Talvez numa próxima oportunidade possamos continuar esta conversa!!

4 comments:

Anonymous said...

Cara amiga

o post podia ser interessante, sim senhor.

É triste, contudo, para quem o lê com atençaõ, verificar como até num texto deste tipo, que versa sobre um, (infelizmente), largo espectro da nossa população, se pode ser de tal maneira tendencioso, que tente identificar esta massa de pessoas como pertencendo todas a um mesmo clube de futebol!

E isto é tão ou mais português (ou se quiser alinhar no grupo que critica, tuga), do que todas as pulseiras e bacalhaus...

É mais fácil ser de um clube para sermos contra outros, do que, (de uma forma positiva e saudável),gostarmos de desporto.
Da mesma maneira que é mais fácil sermos dum partido ,(clube politico), do que pensar pela nossa cabeça.

Deve ser uma questão de solidão...

Sobre isto sim valia a pena reflectir e escrever.
E seria bem mais útil, para si e para os seus leitores.


Bernardo Forjaz Pena
(sem nenhuma bandeira)

Joan@ said...

Alguém tem dúvidas de que o típico português é benfiquista? Os próprios fãs do clube se gabam de serem "6 milhões" .. além do mais eu não atribuí nenhum valor (positivo ou negativo) a esse facto. Até posso ser do benfica, quem sabe...

Anonymous said...

Estou de acordo com o Bernardo; Sobretudo quando aponta as questões sobre as quais seria mais interessante reflectir.

O texto, bem escrito, peca no entanto:
primeiro - por bater nos fracos. É sempre fácil.
segundo - porque se está a falar de um fenómeno intimamente ligado ao futebol, ( é bom não esquecer que o próprio termo "tuga", de gosto muito duvidoso, apareceu associado a uma participação da selecção nacional num qualquer campeonato.
Penso que a joan@ não quiz perceber o que o Bernardo lhe queria dizer:
-A questão não passa por ser ou não de um clube determinado e não de outro, isso é irrelevante.
O problema que se põe não passa por aí! Mas quando estamos a falar de um tipo de comportamento que passa (também) por adeptos de TODOS os clubes e só falamos
num...O leitor pode legítimamente pensar que nos estão a dizer que em todos os outros nada disto se passa.

Para terminar: Depois de ler o seu comentário ao texto do Bernardo é que fico com sérias dúvidas que a referência fosse assim tão inocente.
Mas enfim.


Elisa Prazeres

Anonymous said...

foste apanhada com a boca na botija!
e em vez de deixar passar...pela boca morre o peixe.
Quando se escreve em público...convém medir as palavras.E ás vezes é melhor fingir que não se ouviu (leu).

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