Friday, August 26, 2005

being inha

De certeza que já se cruzaram com várias Inhas ao longo da vossa vida (mais até do que seria desejável), e tenho a certeza que mal comece a descrevê-las vão identificá-las na perfeição!! Uma inha é aquela rapariguinha (conhecida por um qualquer nome querido como Kika, Bá, Mary, Gui, Tita, Micas ou Bia), loirinha, baixinha, magrinha (foram já desenvolvidas muitas variantes deste modelo base), que anda sempre muito bem penteada, com roupa de marca impecavelmente engomada (pela empregada claro, porque uma inha não pode fazer trabalhos domésticos menores, quanto muito cozinha e só se for sushi ou bacalhau à gomes de sá, empadões ou feijoadas não é coisa de inha!), unhas pintadas de rosa pitanga, brincos e colares em quantidade suficiente para chocalharem quando salta (nas raras ocasiões em que uma inha desprende os seus delicados pés do chão, leia-se "um concerto de Jack Johnson que está tão in, ou uma sessão de autógrafos da Margarida Rebelo Pinto, sei lá!"), pele impecavelmente tratada com um creme de dia, dois de noite, um de meio da tarde e uma loção corporal para antes do pequeno almoço, e queimada como se tivesse passado três meses nas Maldivas, quando passou férias no solário do centro comercial! Uma inha é, portanto, a impecabilidade é pessoa, mas não é uma mera imagem, uma inha tem densidade psicológica, oh se tem!! Uma inha não fala alto, uma inha não se ri alarvemente (mesmo que por uma vez tenha percebido a piada que lhe contaram à primeira!), uma inha não come com as mãos (mesmo que esteja no McDonalds), uma inha dança sempre da mesma maneira, como se estivesse dentro duma caixa (mesmo que esteja a dar a sua música preferida, "um som assim mesmo na berra tá a ver?"), uma inha não trata os seus irmãos por tu, mesmo que eles tenham dois anos ("Sebastião, venha à mana!... Sebastião, venha já, não volto a avisá-lo! Sebastião, o menino vai levar na tromba!!" - o tratamento por você confere sempre alguma dignidade...), uma inha até pode beber, fumar, drunfar-se para dormir e misturar álcool com anti-depressivos, mas apenas o faz enquanto isso parecer bem na sua comunidade (aquela comunidade em que toda a gente tem um diminuitivo e um apelido estrangeiro!), porque uma inha não se diverte, afinal, se um dia uma inha desse mostras de euforia e alegria contagiante o que iriam as pessoas dizer?!? No mínimo, que o "petit-nom" Concha da menina não vem de Constança mas sim de Constantina e que afinal o Mello e Souza que anexa ao seu nome se resumem a meros Melo e Sousa!!! E assim terminaria a história de uma inha feliz!!

3 comments:

ROSAXIQUE said...

Sim sra a amiga reteve muito bem o conceito de uma verdadeira inha:). Tou a ver que estas férias fizeram-lhe bem!

Anonymous said...

oh ba não seja assim..lol ;)

Anonymous said...

Era impossível descrever melhor os seres desta espécie, clap clap clap... as férias fizeram-lhe bem indeed, caríssima Ba! Acho absolutamente necessário, no entanto, descrever um pequeno fenómeno inhense que acontece entre 2 a 3 vezes por semana: a verdadeira Inha, a Inha que fala inhês fluentemente, a Inha que vai à missa para socializar, a Inha que mora no Cacém mas alega morar em Cascais, a Inha que não gosta de tremoços nem de pevides, pura e simplesmente NÃO dispensa da seguinte frase, na seguinte situação: é 5a, 6a, ou sábado à noite, (logo depois de um banho demorado e da aplicaçao das 84547 loções corporais), e a Inha-Amiga decide virar-se ingenuamente para a Inha-Mor, com a pergunta de rotina que introduz o diálogo mais esperado do dia - "Kiki/Cuca/Babas/Cisca, quem é que vai sair hj?". E é aqui que a expressão inhense atinge o seu expoente máximo, a sua densidade étnica mais profunda. Calculo que saibas a resposta, cara Ba. Mesmo assim, para os leitores mais curiosos, vou deixa-la aqui, para cada um reflectir, individualmente, na intimidade do seu quarto. Aqui vai:
- "Que parva Bibas/Pimpinha/Micas/Duda, vai toda a gente....."

Um grande bem-haja para todas elas.

Banana