Wednesday, June 6, 2007

Não tem uma pessoa filhos para isto...

Faltava completar a frase com: "para andar a aturar os filhos dos outros". Mas não. Aquilo que aqui vos trago é pior, bem pior!
Uma pessoa não tem filhos e depois tem que tratar do... carro! Em vez de fraldas e pó talco, são ambientadores, limpa-vidros e mariquices que tais. Em vez de pagar a babysitter e o colégio, paga-se um seguro cujo valor dava para fazer o seguro de vida de trigémeos com doenças degenerativas. Em vez de o levar médico para um senhor o pesar, lhe dar vacinas e dizer que "está lindo" leva-se à revisão para um senhor olhar para ele de raspão e encontrar algum defeito. Em vez de o termos a dormir numa alcofa ao pé de nós, temo-lo à chuva e ao sol (não simultaneamente) no meio da rua. Em vez de ele fazer desenhos para nos oferecer no dia da mãe, há senhores que fazem gravuras de Foz-Côa nele, com chaves ou outros objectos pontiagudos, sem se preocuparem sequer com que dia é. Em vez de os vermos aprender o abecedário e a fazer contas de somar, vemos os mais diversos alertas começarem a aparecer: check ao óleo, depósito vazio, cintos mal postos...
O que torna tudo isto dramático é que até gostamos deles como os pais gostam dos miúdos... Ao ponto de lhes darmos nome e conversarmos com eles enquanto estamos ao volante. Diálogos absurdos entre nós e a caixa de velocidades, confissões ao tablier que são, numa palavra, ridículas (como, de resto, todas as cartas de amor, já dizia "o outro").

E no fim disto tudo, tinha que haver alguma compensação. Qual é?
As crianças não têm bancos ergonómicos...

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